As transformações no mundo do trabalho

Landolfi, Fernanda, Cibelle da Silva Santiago, Eduardo Viana da Silva, and Janaynna de Moura Ferraz (eds.) As transformações no mundo do trabalho. SCRIBES, Brazilian Journal of Management and Secretarial Studies, vol. 2, no 1, 2021.

Editorial Dossiê Temático: “As transformações no mundo do trabalho”

As transformações ocorridas no mundo do trabalho a partir do contexto da pandemia da COVID-19 intensificaram os usos da tecnologia na reorganização do trabalho, especificamente na modalidade remota. Com maior impacto para as empresas que não utilizavam o trabalho à distância, muitos trabalhadores tiveram que adaptar suas práticas laborais em função dasatividadesrealizadasem home office, por meio de arranjos para sua execução.Vale ressaltar que o celebrado “mundo digital” não surgiu com a pandemia. A internet, a microeletrônica ou mesmo o teletrabalho já estavam no escopo das grandes corporações como algo em andamento ou a ser realizado. Contudo, a precipitação do isolamento social em grande parte do mundo, e igualmente no Brasil (não obstante os movimentos de “abre e fecha de partes do setor público e privado”) acelerou a mudança.

No Brasil, com sua multidão de pequenos negócios de orçamento reduzido e empregos informais, a realidade tem sido, pois ainda não acabou, já que em um ano e cinco meses depois de decretada a pandemia pela Organização mundial de Saúde, seguimos com a marca superior a 200 mortes por dia. Com isso, houve encerramento das atividades para alguns e para os que têm conseguido se manter abertos, a adaptação do “analógico” para o “digital” exigiu uma transformação, inclusive, da nossa mentalidade para aceitação e dominação das competências tecnológicas necessárias. Para as grandes empresas a situação tem sido distinta: como manter o funcionamento e a produtividade apesar das demandas desse“novo tempo”? É nesse contexto que os artigos a seguir buscam refletir sobre como o trabalho tem se transformado nas últimas décadas, mais especificamente como a pandemia acelerou esse processo, modificando conjuntamente as noções de carreira, empregabilidade, jornada de trabalho sem, contudo, representar uma ruptura com a relação entre capital e trabalho.

Entre os artigos que compõem este dossiê, apresentamos A categoria força de trabalho e a Crítica da Economia Política: Marx em duas décadas de estudos econômicos (1847-1865)”,no qual Henrique Wellen e Elton Rosaapresentam uma importante contribuição acerca do pensamento marxiano ao retratar as transformaçes no trato das categorias trabalho e força de trabalho em obras escritas entre 1847 e 1865. Os detalhes da diferenciação entre ambas as categorias culminam na principal contribuição dos autores: a teoria da mais-valia, que demonstra que a acumulação de capital ocorre mesmo quando as trocas mercantis são equivalentes.Adiante, temos o artigo “Empregabilidade profissional: um estudo sobre os egressos do curso de Bacharelado em Secretariado Executivo do Instituto Federal de Mato Grosso IFMT”, das autoras Tatiane Oliveira e Keyla Christina Almeida Portela, que se propuseram verificar o impacto do curso de Bacharelado em Secretariado Executivo do Instituto Federal de Mato Grosso IFMT sobre a empregabilidade de seus egressos. A temática da empregabilidade na área de Secretariado surge com a necessidade, sobretudo, de mapear onde os egressos dos cursos estão atuando. Por isso, esse artigo é bastante promissor, já que apresenta dados coletados com diversos egressos da referida instituição de ensino sobre a sua percepção referente à empregabilidade e a necessidade de formação continuada. Faz parte desta edição, também, o artigo intitulado “Impactos da Indústria 4.0 na atuação dos profissionais de Secretariado Executivo”,de autoria deIvanete Daga Cielo, Luciana Dourado, Carla Maria Schmidt e Fernanda Cristina Sanches-Canevesi, o qual problematiza o impactados da Revolução 4.0 causados aos profissionais de Secretariado, já que as configurações das organizações, do mercado de trabalho, e o perfil desses profissionais têm passado por transformações. Desse modo, esse artigo se propôs a investigar as características, potencialidades e desafios da Indústria 4.0, visandoanalisar suas possíveis implicações na atuação dos profissionais de secretariado executivo.Outro trabalho apresentado é intitulado “O processo de mudança organizacional sob a ótica das âncoras de carreira: possíveis correlações no contexto da pandemia donovo coronavírus COVID-19”, de autoria de Marco Aurélio Amaral de Castro, e teve como objetivo verificar as correspondências entre as âncoras de carreira e as mudanças organizacionais percebidas no contexto da pandemia do novo coronavírus COVID-19. Apesquisa de natureza qualitativa foi realizada com quatorze trabalhadores de múltiplas organizações e os resultados indicam mudanças organizacionais no contexto da COVID-19, apresentando aos profissionais um ambiente de oportunidades.Em seguida, temos a oportunidade de ler o ensaio teórico “O que faz um profissional de secretariado executivo? A construção identitária de um perfil profissional”,elaborado pelo autor Rodrigo Müller, que discute o fazer secretarial em suas dimensões prática e do sujeito profissional. Para isso, trouxe autores que discutem e problematizam a construção do perfil dos secretários executivos a partir das suas atribuições. Portanto, o autor nos leva a refletir a prática profissional sob a ótica de um modelo identitário, a fim de contribuir e provocar novas perguntas e inquietações sobre a identidade da profissão de Secretariado Executivo, pois não é uma questão tão simples e objetiva de responder e exige muita discussão teórica.O artigo “Uma experiência de aprendizagem interdisciplinar em contexto de pandemia: agregação de competências no curso de Secretariado e Comunicação Empresarial da ESTGA-UA”, de autoria de Sílvia Isabel do Rosário Ribeiro e Ana Rita Calvão, trata de uma experiênciade trabalho interdisciplinar desenvolvida, em agregação de competências, no contexto de duas unidades curriculares (UC) do curso de Licenciatura em Secretariado e Comunicação Empresarial (SCE), ministrado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda da Universidade de Aveiro (ESTGA-UA), em Portugal. O objetivo foi apontar as percepções dos estudantes a respeito da opção pela agregação de competências, salientando-se, porém, as dificuldades sentidas em nível de trabalho em grupo.

Agradecemos a todos e todas que colaboraram com esta edição especial da Revista SCRIBES e convidamos os leitores e as leitoras a saber um pouco mais sobre as transformações no mundo do trabalho.

https://periodicos.ufv.br/SCRIBES/issue/view/467

Status of Research
Completed/published
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